Rotina tranquila, ambições megalomaníacas

Laís Webber
2 min readJun 4, 2024

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Eu fecho os olhos e me imagino correndo para o quarto ao lado de onde escrevo. Vejo meu corpo caindo na cama pesado e penso: ‘se eu fosse um pouquinho mais irresponsável, só um pouquinho’. Era exatamente isso que eu queria fazer: dormir. O máximo que consigo, assim, no meio de um dia de trabalho (em casa) é deitar por quinze minutos com despertador, mas apenas se eu perceber que já tô trocando as palavras e correndo o risco de fazer lambança.

Foco: é só uma fase. O mês de maio vai ser um pouco pior (no quesito agenda), mas depois tudo muda e a busca por uma rotina tranquila volta a ser colocada em prática. Não precisa dar muita atenção para o mau humor que surge pelo sono, é só uma fase mais atribulada e eu sei por que ela está tão atribulada assim, digo para mim mesma com a cara fechada.

Ter uma rotina tranquila é meu conceito de felicidade há algum tempo. Uma amiga¹ postou uma frase parecida esses dias e me fez pensar ainda mais sobre isso. Priorizar estar com amigas também é algo que já venho colocando em prática. Abrir mão disso por uma fase é confuso: o quanto abrir mão, na verdade? Porque abrir mão mesmo não faz sentido. Abrir mão da felicidade? Não, obrigada!

“Dá uma paz quando a gente percebe que não precisa de ambições megalomaníacas para estar bem, né?”, me disse. E dá mesmo. Depois de realizar ambições megalomaníacas a gente volta pra casa, afinal. A felicidade está nos dias.

O que é megalomaníaco muda com o tempo também. Viajar, estudar, sair do aluguel, manter a casa em ordem, ler os livros que me interessam, ter tempo para brincar com meus gatos, dançar no meio da rua, ficar de bobeira em um domingo pela manhã estão entre as minhas ambições para os dias comuns. É megalomaníaco? Não sei. Mas ter uma rotina tranquila e que me traga alegria nas coisas ordinárias ainda parece mais importante do que ir acampar na patagônia para ver a migração dos pinguins — não disse que eu não iria, veja bem.

  1. Esta amiga é a Priscila Pacheco, uma das pessoas que me inspirou a começar esta newsletter, pois escreve uma news da qual eu gosto muito: Mulheres falam. Fica a indicação!

Este texto foi enviado na minha newsletter, Faz Sentido?. Envio textos mensalmente por lá (às vezes alguns links vão junto) e, um tempinho depois, eles vêm pra cá. Então este é o #26 Faz sentido ter ambições megalomaníacas? enviado em abril. Clica aqui para receber por email.

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Laís Webber

Jornalista e Professora e tudo isso é só uma pequena parte.