quando ansiedade era certeza de algo bom em vez de medo do do ruim
um vazio na boca do estômago, uma risadinha solta, duas molinhas, uma embaixo de cada pé me fazendo saltitar.
saudades de quando eu usava ~ansiedade~ para me referir a esse sentimento.
um nó na boca do estômago, oitocentos e vinte sete pensamentos passando pela cabeça, as reações possíveis a cada um dos piores cenários que sou capaz de imaginar.
comecei a ouvir a palavra ~ansiedade~ associada à ~crise~ há poucos anos. não sei se ansiedade real oficial deixou de ser banalizada e foi entendida como problema sério há esses poucos anos ou se o mundo tem se dedicado a me mostrar apior das opções.
queria sentir a ansiedade da Laís criança. sentada no banco de trás do carro esperado a praia chegar. eu sempre amei mar, mas minha família não estava entre as que veraneiam. Ir pra praia era sempre especial e, mais ainda, porque era sempre associado a ir pra casa de amigas. eu sentada no banco de trás do carro da tia da minha amiga, indo de carona pra casa delas em Imbé, quando a tia nota que eu me remexia toda e pergunta: tá ansiosa ou nervosa?
eu nem sabia a diferença. essa foi a primeira vez que pensei na palavra ~ansiedade~.
naquele dia, estar ansiosa pra ver minha amiga e o mar me fazia sorrir e sacudir as mini perninhas de panturrilha grossa no banco de trás. hoje, estar ansiosa pra ver minhas amigas e o mar me tira o sono, faz eu pensar na possibilidade de não ver o mar tão cedo, de não ter dinheiro pra ir ver o mar, de não ter dinheiro pra pagar o aluguel, de ter que me mudar com meus gatos, de meudeus e se um dos gatinhos morrer, cadê a Daniela? Murieeeel vem pra cama, Muriel! falta de ar, calma, devagar, eles tão bem, uma coisa de cada vez.
que saudade de ter molinhas, vazio na barriga e riso solto.