quando ansiedade era certeza de algo bom em vez de medo do do ruim

Laís Webber
2 min readSep 11, 2020

um vazio na boca do estômago, uma risadinha solta, duas molinhas, uma embaixo de cada pé me fazendo saltitar.

saudades de quando eu usava ~ansiedade~ para me referir a esse sentimento.

um nó na boca do estômago, oitocentos e vinte sete pensamentos passando pela cabeça, as reações possíveis a cada um dos piores cenários que sou capaz de imaginar.

comecei a ouvir a palavra ~ansiedade~ associada à ~crise~ há poucos anos. não sei se ansiedade real oficial deixou de ser banalizada e foi entendida como problema sério há esses poucos anos ou se o mundo tem se dedicado a me mostrar apior das opções.

queria sentir a ansiedade da Laís criança. sentada no banco de trás do carro esperado a praia chegar. eu sempre amei mar, mas minha família não estava entre as que veraneiam. Ir pra praia era sempre especial e, mais ainda, porque era sempre associado a ir pra casa de amigas. eu sentada no banco de trás do carro da tia da minha amiga, indo de carona pra casa delas em Imbé, quando a tia nota que eu me remexia toda e pergunta: tá ansiosa ou nervosa?
eu nem sabia a diferença. essa foi a primeira vez que pensei na palavra ~ansiedade~.

naquele dia, estar ansiosa pra ver minha amiga e o mar me fazia sorrir e sacudir as mini perninhas de panturrilha grossa no banco de trás. hoje, estar ansiosa pra ver minhas amigas e o mar me tira o sono, faz eu pensar na possibilidade de não ver o mar tão cedo, de não ter dinheiro pra ir ver o mar, de não ter dinheiro pra pagar o aluguel, de ter que me mudar com meus gatos, de meudeus e se um dos gatinhos morrer, cadê a Daniela? Murieeeel vem pra cama, Muriel! falta de ar, calma, devagar, eles tão bem, uma coisa de cada vez.

que saudade de ter molinhas, vazio na barriga e riso solto.

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Laís Webber

Jornalista e Professora e tudo isso é só uma pequena parte.