o paradoxo de amar homens

Laís Webber
2 min readJan 21, 2019

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(ou hoje eu acordei misândrica)

quando digo homens, digo homens.

não estou falando de crush, boy, contatinho, namorado. estou falando de crush, boy, contatinho, namorado, amigo, irmão, pai, parente, primo, colega de trabalho, professor e tio do mercadinho.

é um paradoxo

responda com a primeira palavra que te vem à mente:

pessoas foda: mulheres
pessoas fortes: mulheres
pessoas com quem pode contar: amigas
pessoas base: mãe
pessoas por quem se apaixonar: homens

oi?

é o drama hétero, que não ignora todas as dificuldades e riscos que ser lésbica inclui, mas que pensa: porra, mano, por quê?

causar decepção parece inerente aos homens — assim como a vitimização dos (poucos) que lerem até aqui — , mas não é.

eu amo homens e aí é que tá.
tenho que lidar com os padrões que se repetem iguaizinhos, só muda o contexto.

as minas também têm padrões bem bizarros, mas a gente olha para eles e conversa entre si e percebe que tá foda e escreve sobre e manda memes que doem de tão verdadeiros e a gente cresce.

mulheres me levantam — sempre — , muitas sem nem saber. elas estão ali. até as desconhecidas se tornam conhecidas e já vem com apoio embutido em seu modo de ser mulher.

tenho uma amiga que diz “como são bons aqueles períodos em que não estamos apaixonadas por ninguém”. eu sempre concordo e, depois, a gente sempre problematiza.

mas, realmente, como é bom quando homens são só corpos para a gente desfrutar, mas, mentira, porque a gente desfruta e têm responsabilidade emocional e presta atenção nos problemas deles e se preocupa se eles tão bem porque eles são pessoas, não tem como nos relacionarmos com eles sem pensar em suas subjetividades minimamente.

a menos que eles nos ensinem.
mas a gente não quer aprender

a gente quer se importar, só quer aprender, com o apoio — pasmem — de outras mulheres, a deixá-los para trás quando necessário.
seja literalmente, seja metaforicamente.

não vou deixar meus amigos, meu pai, meu irmão no passado por serem homens (embora às vezes dê vontade porque olha).

mas vou deixar.
deixar de repetir padrões que reforçam os padrões que eles impõem em relação a mim.

hoje eu acordei misândrica e sem paciência para explicar e para lidar e para cuidar dos sentimentos dos homens ao meu redor.

com mulher, reciprocidade existe.

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Laís Webber
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Written by Laís Webber

Jornalista e Professora e tudo isso é só uma pequena parte.

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