8M — 2019

Laís Webber
2 min readMar 8, 2019

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Tu tem vinte oito anos e tenta transformar o cansaço em criatividade para ir contra tudo isso.

Todo início de março eu penso em escrever um texto puxando para os aspectos que me fazem sentir forte e especial por ser mulher. Todo ano eu penso na minha mãe, nas minhas amigas. Todo ano eu relembro como era a vida antes do sentimento de sororidade existir para mim e tenho vontade de escrever coisas bonitas sobre esse sentimento tão reconfortante e libertador.

Todo ano eu tento.

Mas todo ano, eu vomito um texto de dor, que me faz querer chorar, que coloca a raiva para fora.

Tem muita raiva, num nível inimaginável. Mas tenta, só tenta, imaginar o tanto de sentimento ruim que fica guardado dentro das pessoas quando elas são apertadas e encolhidas por uma vida toda. Isso que eu só sou mulher. Não sou oprimida por outros recortes terríveis que uma sociedade doente consegue hierarquizar e achar que pode colocar embaixo.

Não gosto de hierarquia.
Gosto de lado a lado. Mas com quem vai ao lado até o final e não só até onde é bonito ou interessante — no pior dos sentidos — ir.

Esse ano, eu não vou tentar escrever sobre amor, escrevo fácil em outros dias. Hoje, amo as mulheres, com força. Mas exponho boa parte do que me machuca nesse mundo patriarcal, machista, misógino, nojento. Boa parte porque o todo eu nem sequer consigo conceber.

Há esperança, se não houvesse, não haveria paz — para eles, porque pela minha eu luto e lutaria brutalmente até o final.

Fica aqui o texto do ano passado.

Tu tem vinte e nove anos e percebe que nunca vai parar de doer e que a vida vai ser uma eterna busca por formas de tentar fazer algo mudar.

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Laís Webber
Laís Webber

Written by Laís Webber

Jornalista e Professora e tudo isso é só uma pequena parte.

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